sábado, 4 de fevereiro de 2012

ONU discute resolução contra Síria após relatos de bombardeios

O Conselho de Segurança da ONU se reúne neste sábado na sede em Nova York para discutir a situação na Síria, enquanto grupos de ativistas da oposição relatam novos ataques a manifestantes por parte das forças de segurança leais ao regime do ditador Bashar Assad.

De acordo com organizações pró-direitos humanos, críticas de Assad, o regime bombardeou a cidade de Homs, um dos principais focos da oposição, durante uma manifestação. Ativistas acusaram militares também de massacrar mulheres e crianças na pior onda de violência registrada em 11 meses de revoltas.

O grupo opositor Observatório Sírio dos Direitos Humanos apontou que mais de 200 pessoas morreram em Homs pelas forças de repressão. O CCL (Comitês de Coordenação Local) confirmou o bombardeio e acrescentou que as forças armadas também usaram tanques e armas pesadas no ataque.

Horas depois, o CNS (Conselho Nacional Sírio), grupo que agrega a oposição ao regime de Assad, confirmou neste sábado que mais de 260 pessoas morreram no que considerou ser "o massacre mais horrível cometido pelo regime desde o começo do levante na Síria".

"Durante o ataque, prédios residenciais e casas eram bombardeadas aleatoriamente", relatou o CNS.

O regime negou as acusações, afirmando que tais grupos estavam envolvidos com uma campanha conspiratória para desestabilizar a Síria.

"Algumas emissoras de TV colocaram no ar imagens de um grupo de cadáveres com as mãos acorrentadas, alegando que eles foram mortos por bombardeios do Exército, enquanto são de fato cadáveres de cidadãos inocentes sequestrados, torturados e abatidos por grupos armados terroristas", afirmou o regime em nota.

Levando isso em conta, os 15 membros do Conselho de Segurança da ONU se reúnem neste sábado para discutir novamente uma proposta de resolução contra o regime sírio, instando pelo fim da violência que assola o país.

DIVERGÊNCIAS

A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, instou neste sábado o Conselho a aprovar a resolução e superar as diferenças que afastam Rússia e China dos demais países-membros sobre o assunto. Hillary exigiu o fim do "derramamento de sangue" na Síria, um país no qual, segundo ela, o regime "tiraniza sua própria gente".

Secretária de Estado americana, Hillary Clinton, pediu que Conselho de Segurança adote resolução

As discussões sobre uma resolução acontece há semanas, com a Rússia e a China indicando que não concordam com as propostas que se afastem de uma solução com base no diálogo entre as partes envolvidas nos conflitos.

O ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, afirmou neste sábado que Moscou havia apresentado emendas para a resolução na ONU, em uma tentativa de conciliar as divergências entres os membros do Conselho de Segurança.

A votação sobre o assunto está prevista para acontecer ainda hoje, mas Lavrov disse que seria um "escândalo" pedir ao Conselho que votasse a resolução em sua forma atual. O chanceler exigiu que a resolução condene também a violência dos militares rebeldes para poder aprová-la.

A Rússia é o principal aliado da Síria no órgão da ONU, e já afirmou repetidas vezes que vai vetar qualquer resolução que exija a renúncia do ditador Assad.

AMEAÇAS

O chanceler russo indicou que na minuta de resolução que está sendo estudada em Nova York são detalhadas "reivindicações muito específicas" para o regime de Assad, mas não para os militares rebeldes que também recorrem à violência contra civis e edifícios governamentais.

Diante da recusa da Rússia em aprovar a resolução, o "número dois" do Exército Livre Sírio, grupo formado por desertores das forças armadas do regime, ameaçou atacar representações russas na Síria se Moscou continuar apoiando Assad.

Desertores do Exército sírio observam reza de manifestantes em região ao norte de Damasco

"Se os russos seguirem protegendo o regime sírio, as representações da Rússia em território sírio se tornarão alvo das operações do Exército Livre", assinalou Malik Kurdi.

REPRESSÃO

Em dezembro, a ONU havia atualizado a contagem de civis mortos nas ações violentas das forças de segurança em 5.000 pessoas, e, desde então, não foi divulgado nenhum novo número sobre o assunto. Grupos opositores calculam que o número já ultrapasse os 7.000.

O regime de Assad se defende dizendo que, na verdade, combate terroristas armados, e não manifestantes pró-democracia. Segundo as autoridades sírias, mais de 2.000 membros das forças de segurança morreram nas operações.

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