quinta-feira, 31 de maio de 2012

Miséria

O garoto levantou cedo. Naquele dia, junto com os demais colegas, eles iriam conhecer uma favela. Meninos ricos, estudando em um colégio maravilhoso, receberam a proposta do professor de sociologia para conhecer as diferenças sociais. O garoto nem podia imaginar o que era uma favela. É claro que ele já havia visto meninos de rua, que lhe haviam dito serem filhos de ninguém. Mas uma favela, ele jamais vira. Todos foram aconselhados a vestir roupas mais simples, a fim de não afrontar a miséria que visitariam. Logo que o ônibus foi se aproximando do local, Pedrinho pôde perceber porque aquele local era conhecido na cidade como um flagelo, uma desgraça muito grande que atinge muita gente ao mesmo tempo. Não havia estrada asfaltada e, como chovera na noite anterior, a rua era um lamaçal enorme que, com dificuldade, o ônibus ia vencendo. Não havia jardins, nem postes, calçadas, vitrinas. Nem caminhões de limpeza urbana. O lixo se amontoava por toda parte. Quando chegaram enfim, à entrada da favela, o que viu foram caminhos estreitos, lamacentos, malcheirosos, insinuando-se por entre tábuas apodrecidas, juntadas de qualquer jeito. As tábuas pareciam formar casebres, mas tão esburacados que era difícil acreditar que se pudessem manter em pé. As portas eram remendadas com papelão ou velhos pedaços de lata. Pedrinho lembrou de sua casa enorme, em que cada um tinha seu próprio quarto, com banheiro individual, uma sala de jogos, uma para televisão, a sala de visitas, de jantar. Tantos cômodos. E ali, as pessoas se amontoavam nos barracos onde sempre vivia mais gente do que podiam conter. Vivendo tão apertados uns com os outros, deveriam se sentir muito mal, ele pensou. E infelizes. Com certeza, aquela cidade repelente envergonhava a cidade limpa, de cimento e tijolos, varrida todas as manhãs e bem iluminada todas as noites. Pedrinho viu um homem batendo na mulher e uma criança chorando, assustada. Descobriu que a miséria torna os homens ruins. E também propiciava o roubo, que se apoderava das carteiras dos outros. O vício, sempre à espreita de qualquer coisa desonesta. O crime, sempre de revólver na mão. Pedrinho concluiu que, para acabar com aquilo tudo, era necessário amor. Só o amor poderia chegar ali e oferecer trabalho. Com trabalho, as pessoas conseguem dinheiro. O dinheiro permite comprar coisas e aquelas crianças teriam colchão para dormir e cobertas para as noites frias. Não passariam fome porque haveria pão e leite sobre as mesas. Assim, elas não precisariam mais revirar o lixo, procurando restos de comida. Só o amor poderia chegar ali e orientar as pessoas a melhor construir suas casas, ofertando madeira de melhor qualidade. E as criaturas poderiam se acomodar melhor, não como coelhos dentro de uma toca. Só o amor saberia transformar a lama em jardim, os caminhos estreitos em ruas bem alinhadas, com calçadas de pedra. Só o amor lembraria de construir uma escola, uma creche para abrigar todas as crianças que ali viviam. Com as crianças na escola e na creche, suas mães também poderiam procurar trabalho, que significaria melhores condições para a família. Só o amor poderia se lembrar que todos somos filhos de Deus e merecemos viver com dignidade. Pensemos nisso. Redação do Momento Espírita, com base no cap. 10 do livro O menino do dedo verde, de Maurice Druon, ed. José Olympio. Em 31.05.2012.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Todos podem ser generosos

Quando tinha treze anos, Severino saiu de Olho D'água Seco, no sertão de Pernambuco, para morar com um tio na capital, Recife. Certo dia perdeu-se na cidade grande. Sem saber ler, não conseguia encontrar o caminho de volta olhando as placas e o nome das ruas. Era como se fosse cego, diz. Quando, afinal, achou o endereço, pediu ao tio para lhe comprar uma cartilha de alfabetização. Sozinho, aprendeu a ler e a escrever. Um ano depois, voltou ao sertão e tratou de ensinar o que sabia à irmã. Não era muito, mas era o bastante. Depois, improvisou uma escolinha para alfabetizar outros moradores. Já tinha ensinado duzentas e trinta e uma pessoas a ler quando deixou Pernambuco, há vinte e quatro anos, por uma vida melhor em São Paulo. Durante a viagem, ensinou mais doze conterrâneos a assinar o próprio nome. Gosto de passar adiante tudo o que aprendo. Não vou levar nada para o caixão. Então tenho de compartilhar o que sei com quem precisa, senão esse conhecimento morre comigo, conta ele. * * * Estamos acostumados a reconhecer a generosidade em gestos grandiosos como o de Bill Gates, fundador da Microsoft e um dos homens mais ricos do planeta, que doou vinte e nove bilhões de dólares à instituição de combate à pobreza que fundou com a mulher, Melinda. Mas a história de Severino não deixa dúvida de que a generosidade pode ser praticada mesmo por quem tem pouco ou quase nada - e de várias formas, muito além de dar bens que sobram. Alguns exemplos são: Antônio, um desembargador de justiça, que conta histórias para crianças num hospital. Élcio, que incentiva a solidariedade na empresa que lidera, e ajudou a fazer dela um dos melhores lugares do mundo para trabalhar. Juliana e Marina, que fazem as pessoas rir sem pedir nada em troca. Danielle, que aos sessenta e três anos, ajuda milhares de deficientes visuais a ter acesso a livros. Todos podemos ser generosos, e se desejamos realmente um mundo melhor, começar pela benevolência nas pequenas coisas, nos gestos singelos, é fundamental. Em O Livro dos Espíritos, encontramos a Espiritualidade respondendo que o verdadeiro sentido da palavra caridade, como a entendia Jesus é: Benevolência para com todos, indulgência com as imperfeições alheias e perdão das ofensas. Assim, percebemos que, no coração generoso, benevolente, está a essência da caridade como nos ensinou o Mestre. * * * Você já foi generoso hoje? Proponha a você mesmo este desafio. Faça este convite. Pratique um ato, pequeno que seja, de generosidade, no dia de hoje e veja os resultados. Não o resultado do reconhecimento - pois ele quase sempre não vem, e não deve ser nosso foco - mas o resultado em sua alma, em sua alegria interior. Não há quem resista ao poder sedutor da benevolência. Sempre saímos diferentes, mais leves, mais felizes. Dê do pouco que tem, mas dê. Não é necessário ter muito para dar. Dar-se é, certamente, muito mais valioso do que dar coisas. Doe-se ao outro. Doe-se ao mundo. Doe sua vida ao amor e ganhe a felicidade tão sonhada! Redação do Momento Espírita com base em artigo da revista Sorria, v.1, de março/abril de 2008, e no item 886, de O livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ed .Feb. Em 30.05.2012.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Nossos pesos

Você se sente, em alguns dias, como se carregasse o peso do mundo? Sente-se excessivamente cansado, atormentado, assoberbado de tarefas? Talvez seja interessante refletir um pouco a respeito do que o está deixando tão exausto, quase desencantado da vida. Conta-se que um conferencista tomou de um copo, nele despejou água e o ergueu, mostrando para a plateia. Então, lançou a pergunta: Quanto vocês acham que pesa este copo? As respostas variaram entre vinte e quinhentos gramas. Bom, completou o conferencista, o peso real do copo não importa. O que importa é por quanto tempo eu o segurarei levantado. Se o segurar por um minuto, tudo bem. Se o segurar durante um dia inteiro, precisarei de uma ambulância para me socorrer. O peso é o mesmo, mas quanto mais o seguro, mais pesado ele ficará. Isso quer dizer que se carregamos nossos pesos o tempo todo, mais cedo ou mais tarde não seremos mais capazes de continuar. A carga irá se tornando cada vez mais pesada. É preciso largar o copo, descansar um pouco, antes de segurá-lo novamente. Temos que deixar a carga de lado, periodicamente. Isso alivia e nos torna capazes de continuar. Portanto, antes de você voltar para casa, deixe o peso do trabalho num canto. Não o carregue para o lar. Você poderá retomá-lo, no dia seguinte. * * * Há sabedoria nas palavras do conferencista. Por isso mesmo, o Sábio de Nazaré, há mais de dois mil anos recomendou: A cada dia basta sua própria aflição. Equivale a dizer que devemos saber nos empenhar em algo que precisa ser feito, que exija todo nosso esforço. Mas que, depois de um tempo, precisamos relaxar, espairecer, trocar de tarefa. A lei trabalhista estabelece o cômputo de horas ao trabalhador. Também o dia do repouso, das férias. Na escola, temos horários de estudo, intercalados com intervalos. Pensemos, portanto, e comecemos a agir com sabedoria. Enquanto no trabalho, todo empenho. Vencidas as horas de esforço mental ou físico, envolvamo-nos em outra atividade prazerosa. Busquemos o lar e vivamos, intensamente, com nossos familiares. Observemos o filho no berço, o outro que ensaia as primeiras letras no papel. Preocupemo-nos em saber se tudo está bem. Conversemos. Desanuviemos o cenho, agora é o momento da família. E não esqueçamos de momentos para a oração, para a boa música, a leitura nobre, que nos refaça a intimidade, nos descanse a alma. Vinculemo-nos a um trabalho voluntário. Cultivemos nosso jardim. Podemos as árvores. Colhamos flores. Despertemos mais cedo e observemos o nascer do sol. Encantemo-nos com o cair da tarde. Em suma: vivamos cada momento com todas as nossas energias. Cada momento, sem levar conosco cargas desnecessárias. Lembremos Jesus: A cada dia basta sua própria aflição. Redação do Momento Espírita, com base no texto O copo d´água, de autoria desconhecida. Em 29.05.2012.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Magia do amor

Um executivo foi a uma palestra e ouviu um grande tribuno falar sobre o maior bem da vida que é a paz interior. Podemos tê-la em qualquer lugar, sozinhos ou acompanhados. Pois o executivo resolveu fazer uma experiência. Pegou cinco belas flores e saiu com elas pela rua, em plena cidade de São Francisco, na Califórnia. Logo notou que as cabeças se viravam e os sorrisos se abriam para ele. Chegou ao estacionamento e a funcionária do caixa elogiou o seu pequeno buquê. Ela quase caiu da cadeira quando ele lhe disse que podia escolher uma flor. Segundos depois ele se aproximou de outra mulher, que não assistira à cena anterior, e ela falou do perfume que ele trazia ao ambiente. Ele lhe ofereceu uma flor. Espantada e feliz com o inesperado, saiu dali quase a flutuar, afinal, quem distribui flores perfumadas numa garagem pública quase deserta, num domingo, perto das vinte e duas horas? Completamente embriagado pela magia daqueles momentos, ele entrou num restaurante. Uma garçonete, com ar de preocupação, foi atendê-lo. Ele percebeu que as flores mexeram com ela. Como se sentia com poderes especiais para fazer os outros felizes, depois das duas experiências anteriores, ele deu a ela uma flor e um botão por abrir e lhe disse que cuidasse bem dele, pois, ao desabrochar, lhe traria uma mensagem de amor. Dias depois ele voltou ao restaurante. A garçonete sorriu para ele com ar de quem tinha encontrado a fórmula da felicidade e falou: A flor abriu. A mensagem era linda. Muito obrigada. O executivo sorriu também. Sentia-se um mágico: com flores, amor no coração e uma mensagem positiva, inventada ao sabor do momento, produzia alegria. Tão simples que até parecia irreal. Na manhã seguinte, ele precisava abrir um portão para passar com o carro. Surgida nem se sabe de onde, uma sorridente mulher desconhecida, que passava correndo, o abriu e fechou para ele, espontaneamente. Ele compreendeu que havia uma harmonia universal ao seu dispor. Bastava que a buscasse. E passou a recomendar: Tente você também, desinteressadamente. Dá certo e a recompensa é doce! * * * Se você é daquelas pessoas que vive correndo, com pressa, pense um momento: Por que a pressa? Vai salvar o mundo? Salve este momento vivendo-o com amor ao próximo e a si mesmo. Seja mensageiro da luz, distribuindo flores em vez de espinhos. Pense em algo diferente, surpreendente que você possa fazer para melhorar o ambiente do seu lar, do seu local de trabalho. Já pensou em colocar sua mesa mais perto da janela, para ser beijado pelo sol, enquanto você trabalha? Isso é amor a você mesmo. Já pensou em levar flores para sua casa e as colocar na sala, perfumando o ambiente, alegrando a todos? Isso é amor ao próximo. Um e outro nos dão felicidade. A felicidade desde agora, não mais tarde, amanhã ou depois da morte. A felicidade de nos sentir e fazer os outros felizes. Redação do Momento Espírita, com base no artigo A magia amorosa de Divaldo Pereira Franco, de José Luiz Emerim, correspondente do jornal O Popular, Goiânia,Go. Em 28.05.2012.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Caminhos do desamor

Dia desses passamos por uma rua e nos chamou a atenção um grande muro, à frente de uma casa. Com todo capricho, o muro estava pintado com uma cor clara e, pequenos canteiros, com flores miúdas, haviam sido colocados à beira da calçada. Um primor! Infelizmente, bem no meio do muro, havia sido escrito em letras pretas, tortas, grotescas, destoando totalmente da beleza e bom gosto do dono da casa: Jesus te ama! A mensagem é positiva, no entanto, pichar propriedade alheia mostra, em primeira mão, que Jesus ama a todos, com certeza, mas nós ainda não aprendemos a amar nosso irmão. Não respeitar a propriedade alheia, não preservar o que outro gastou em economias, em trabalho, em esforço, para conseguir é falta total de amor. E se proclamamos que Jesus nos ama, devemos recordar que Ele nos recomendou que nos devíamos amar uns aos outros como Ele nos amou. Ele, portanto, prescreveu a forma de amar que deveríamos seguir. Precisamos aprender a seguir-Lhe o exemplo. E oportunidades para isso não faltam. Dizemo-nos um país religioso, no entanto, como escreveu João Ubaldo Ribeiro, em uma de suas crônicas, nossas empresas são verdadeiras papelarias. Os empregados, que ganhamos nosso salário mensal, levamos para casa todos os dias papel, clipes, lápis, canetas, tudo de que precisa nosso filho para fazer o trabalho da escola. Ou para nós mesmos utilizarmos. Quanta desonestidade em nosso proceder. Nem nos lembramos que, com tais ações, não estamos obedecendo ao sétimo mandamento do Decálogo. E nosso desamor ao próximo continua. Basta olharmos para nosso planeta. Aplaudimos os discursos dos que nos conclamam ao mundo sustentável, à reciclagem do lixo, à coleta seletiva e tudo o mais. Comparecemos a caminhadas que objetivam conscientizar a todos a respeito da correta postura ecológica. Contudo, muitos de nós vamos deixando pelo caminho as marcas da nossa passagem: copos e garrafas descartáveis, papéis de bala, etc. E não estaremos amando nosso próximo enquanto nos ônibus as pessoas idosas, gestantes, com crianças ao colo estiverem em pé e nós fingirmos dormir para não lhes dar o lugar. Nem mesmo quando alardeamos que temos TV a cabo em casa, mas nada pagamos por ela, porque puxamos o cabo da casa do vizinho. Enquanto não houver o mínimo respeito pela propriedade do outro, pelos bens públicos, ainda estaremos estacionados no desamor. Enquanto acreditarmos que o bom mesmo é ser esperto e passar o outro para trás e ainda nos vangloriarmos do feito, não estaremos no caminho do amor. Enquanto ensinarmos, por nossos atos, às gerações futuras que o bom é ficar rico, da noite para o dia, não importando os métodos; que o bom é sempre levar vantagem em tudo, ainda estacionamos no desamor. Pensemos nisso: quem ama serve ao semelhante, ajuda a planta e socorre o animal. Quem ama, preserva o mundo em que vive e que o seu irmão também vive. Todos desejamos um mundo melhor, mais justo, sadio e agradável. Lembremos que tudo depende de nós, de cada um de nós. Redação do Momento Espírita. Em 25.05.2012.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Justiça e discurso

As pessoas costumam discursar a respeito da justiça. Em geral, o que não agrada é tido como injusto. Esse hábito em muito se assemelha à forma pela qual as crianças veem o mundo. O discurso infantil é centrado no atendimento dos próprios desejos. Qualquer obstáculo é visto como indevido. Essa infantilidade no modo de perceber o mundo se reflete nos mais variados contextos. No trabalho, o designado para desempenhar uma tarefa árdua ou dar uma notícia desagradável sente-se injustiçado. Dentre os filhos, se um precisa devotar mais tempo a pais velhos ou enfermos, a percepção costuma ser essa. Esse sentir focado no egoísmo também assume outros contornos. Ganha importância na sociedade a cultura da indenização. Ao menor transtorno, busca-se responsabilizar o pretenso causador. Em face de desentendimentos, procura-se colocar tudo em pratos limpos. É como se ninguém estivesse disposto a compreender, a contemporizar e a perdoar. Contudo, o discurso da busca de justiça muitas vezes disfarça o sentimento de vingança. No mundo, muitos crimes se praticam sob a justificativa de se estar fazendo ou buscando justiça. Para quem se afirma cristão, é imperioso refletir um pouco antes de trilhar esse caminho. Jesus sempre se posicionou com bastante firmeza. Defendeu a mulher adúltera, em face de quem queria apedrejá-la. Sustentou com vigor que o templo fosse utilizado de forma santa, em vez de se converter em um mercado. Ele se mantinha vigilante em todos os atos alusivos à justiça para com os outros. Nunca lhe faltou coragem e nem capacidade de argumentação. Contudo, quando encaminhado à cruz, não clamou pela justiça dos homens. Ao assim agir, sinalizou a grandeza que existe em abdicar das próprias razões, em prol de um objetivo maior. Por certo, tal atitude não implicou desconsideração para com o trabalho dos juízes honestos no mundo. Mas estabeleceu um padrão de prudência para todos os discípulos de seu evangelho. Quando em pauta interesses alheios, é importante atentar para o estrito cumprimento dos imperativos legais. Entretanto, quando os assuntos difíceis e dolorosos envolvem o eu, convém moderar os impulsos de reivindicação. A visão humana é incompleta para perceber a extensão dos dramas que se apresentam. Muitas vezes, a aparente injustiça que se vive representa o resgate de graves equívocos do passado. É difícil ter certeza quanto à própria posição perante a vida, considerada nos termos mais vastos de várias encarnações. Na dúvida, a abstenção de reclamos é uma medida a ser considerada. Antes de discursar contra qualquer injustiça pessoal, pense nisso. Redação do Momento Espírita, com base no cap. 18, do livro Missionários da luz, pelo Espírito André Luiz, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb. Em 24.05.2012.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Telefonema salvador

Ele era um pastor invulgar. Realizava atos de benevolência de grandes proporções. Era conhecido pelo seu coração bondoso e sua cordialidade. Onde quer que estivesse, abraçava e beijava estranhos, perguntava seus nomes e números de telefone. Sempre dizia: Como é bom conhecer você! Quero saber tudo a seu respeito. Dê-me seu nome e o número de telefone e eu lhe telefonarei. As anotações eram feitas em tiras de papel, guardanapos descartáveis, cartões de visitas e tudo era enfiado nos bolsos da calça e do paletó, sempre cheios. Quando as pessoas viam aquele enorme volume de anotações, com nomes e telefones, ficavam se perguntando se valeria a pena dar o número do telefone para o pastor. Algumas acreditavam que, ao chegar em casa, ele jogasse tudo aquilo no lixo. Mas, os telefonemas aconteciam. Por vezes, alguns minutos depois ou horas mais tarde. Às vezes, levava anos. No ano de 1980, um estranho deu o número de telefone ao pastor. Foi durante um concerto. O homem esperou e esperou. Nada. Nenhum telefonema. Ficou muito desapontado e pensou que aquele pastor era um cara muito famoso e ocupado. Claro que jamais lhe iria telefonar. Dez anos se passaram. Então, numa manhã, o telefone tocou. O homem nem queria atender. Estava tão desesperado que não desejava falar com ninguém. Entretanto, o telefone tocou com tanta insistência que ele resolveu atender. Olá, irmão, disse a voz do outro lado. Como vai? Era a voz jovial do pastor. O homem ficou estarrecido. O que é que fizera o pastor telefonar, dez anos depois? A resposta não se fez demorar: Bem, eu estava procurando um livro para estudo, um livro que não uso há muito tempo. Quando o encontrei e o abri, caiu um papelzinho de dentro dele, onde estavam escritos o seu nome e seu número de telefone. Achei que era um sinal de Deus e resolvi ligar para você, de imediato. O homem sentiu que uma descarga elétrica lhe percorria o corpo e a alma. Mal conseguiu balbuciar a frase: Pastor, você ligou bem a tempo. Olhou para o laço de corda que estava pendurado no teto e para a cadeira que estava debaixo dele. O telefonema do rabino lhe salvou a vida. * * * Você sabia que, em cada cem mil habitantes do nosso país, três buscam a morte de forma voluntária? E que o país com o maior índice de suicidas é a Estônia, com quarenta e um suicidas por cem mil habitantes? No Japão são vinte e seis e doze, nos Estados Unidos. E, como a narrativa demonstra, por vezes basta uma simples palavra para deter o gesto impensado e destruidor da vida. No mundo atual, com tanta indiferença e problemas, as pessoas andam em desespero, muitas vezes. É bom estarmos atentos para determos, a tempo, um gesto de loucura de alguém que deseja pôr fim à própria existência. Para isso é preciso olhar ao redor, não somente para frente. Mais do que isso, é preciso aprender a olhar com olhos de ver, a fim de descobrir as dores ocultas nos olhos mudos e nos gestos trêmulos dos que nos cercam, nos servem e convivem conosco. Redação do Momento Espírita, com base no livro Pequenos milagres, v. 2, de Yitta Halberstam & Judith Leventhal, ed. Sextante. Em 23.05.2012.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Nascimentos

Você tem ideia de quantas pessoas nascem por minuto no mundo? Inacreditavelmente, enquanto você ouve este texto, considerando cerca de cinco minutos, irão nascer por volta de mil pessoas no planeta. Sim, são mais ou menos duzentos nascimentos por minuto, ou ainda, de três a quatro por segundo! será que conseguimos imaginar a alegria desses pais, dessas famílias, recebendo - alguns pela primeira vez - o milagre de um filho nos braços? Em meio a tantas notícias ruins - que parecem vender melhor que as boas, nos meios de comunicação, faz-se necessário que pensemos na vida, e não apenas na violência, nos assassinatos e mortes drásticas. O site breathingearth.com apresenta uma proposta muito interessante, com um desenho do mapa mundi animado, mostrando em cada país, em cada continente, alguns dados importantes, atualizados instantaneamente. Entre eles a natalidade no globo, sendo assinalada com pequenas estrelas que vão piscando aqui e ali, conforme os nascimentos em cada lugar. A representação com estrelas é muito significativa, aos olhos daqueles mais sensíveis às belezas da vida. Cada estrela daquelas é uma nova encarnação, uma nova oportunidade, uma nova chance que um Espírito recebe do Criador. Nascemos aqui e ali com objetivos certos e importantes. Resgates, provas, missões - fazem-nos retornar ao cenário terrestre para que continuemos nossa caminhada rumo à tão sonhada felicidade. Felicidade que vai sendo construída e gozada ao longo das próprias experiências, conforme vamos amadurecendo e encontrando os caminhos do amor. Nascer é ganhar do Criador nova oportunidade, mas é também dar a si mesmo uma nova chance. A grande maioria dos lares nos recebe de braços abertos, e nos corações dos pais temos aqueles que mais irão se esmerar para que tenhamos uma boa vida na Terra. Voltar a viver pode significar um reaprisionamento para o Espírito, que precisa vestir novo corpo material, porém, por outro lado a reencarnação é libertadora. Libertamo-nos das amarras de ódios antigos. Libertamo-nos da tristeza das experiências frustradas do passado. Libertamo-nos do nosso homem velho pois, a cada vida, temos a chance de moldar um novo eu. Renascer é libertar-se. Quando nos dispomos a amar, quando nos dispomos a reconstruir o que nós mesmos destruímos, libertamo-nos da culpa, do medo, e passamos a caminhar de cabeça erguida. Isso é liberdade. * * * Pense nos duzentos renascimentos por minuto... Quantos abraços... Quantas lágrimas... Quanta felicidade. Que maravilha é esse ir e vir do planeta Terra! Quantas experiências, quantos planos, quanto aprendizado. Possivelmente você que nos ouve já nasceu há uns bons anos, mas é sempre tempo de voltar a pensar em renascer. Renascer dentro da própria vida. Por que não? Tantas e tantas vezes quantas se fizer necessário. Renascer da água e do Espírito, tal a Lei apontando o caminho da felicidade maior almejada. Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre, tal é a lei. Redação do Momento Espírita. Em 22.05.2012.