quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Defesa de Lindemberg tenta mostrar falha da PM durante cárcere

A defesa de Lindemberg Alves Fernandes tentou mostrar falhas na operação da Polícia Militar que antecedeu a morte de Eloá Pimentel, nesta quarta-feira, durante o depoimento do tenente Paulo Sérgio Squiavo. Ele liderou a equipe do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais, da PM) durante a invasão do apartamento em que a garota foi mantida em cárcere por mais de cem horas, em Santo André (Grande SP).

Advogada de Lindemberg, Ana Lúcia Assad, deixa o Fórum de Santo André ao som de vaias.

A advogada Ana Lúcia Assad questionou se houve planejamento prévio a invasão do apartamento e se os equipamentos usados pela PM na ocasião seriam os melhores e mais modernos. Durante a invasão do imóvel, Eloá e sua amiga, Nayara Rodrigues foram baleadas. Eloá, que era ex-namorada do réu, foi socorrida, mas morreu.

O tenente afirmou que a invasão aconteceu apenas após ter ouvido um disparo de arma de fogo no apartamento. O mesmo já tinha sido dito por outras testemunhas.

Segundo o tenente, a equipe responsável pelo gerenciamento da crise disse que as negociações não estavam avançando e que Lindemberg havia manifestado disposição a matar a refém. Com isso, foi determinado que a equipe tática deveria intervir se houvesse "um risco insuportável às vítimas".

O tenente foi a última testemunha a depor antes do interrogatório de Lindemberg, que deve acontecer na tarde de hoje, após o recesso para o almoço. Essa será a primeira vez que o acusado fala sobre o caso.

Ao entrar no plenário na manhã desta desta quarta-feira, Lindemberg sorriu para o grupo de familiares que acompanha o julgamento. Os irmãos e a mãe de Eloá também estão no local. Na entrada do fórum, o irmão mais velho da garota, Ronickson Pimentel, afirmou que espera que Lindemberg seja condenado.

RELEMBRE O CASO

Eloá Pimentel, 15, foi rendida pelo ex-namorado no dia 13 de outubro de 2008 e mantida em cárcere privado por mais de cem horas dentro do apartamento em que morava em um conjunto habitacional do Jardim Santo André, em Santo André.

Na ocasião, a adolescente estava em companhia de três amigos --dois garotos liberados no mesmo dia e de Nayara --também com 15 anos-- que, apesar de ter sido libertada 33 horas depois, retornou ao apartamento no dia 16 de outubro.

O desfecho do caso ocorreu na noite do dia 17 de outubro quando a polícia invadiu o apartamento, alegando ter ouvido um tiro de dentro do imóvel. A acusação diz que o rapaz atirou contra Eloá e Nayara, causando a morte da ex-namorada e ferindo a amiga dela na boca.

Durante as negociações, Lindemberg também teria atirado contra o sargento da PM Atos Valeriano. Ele foi o primeiro PM a chegar ao local e negociou a rendição de Lindemberg por cerca de 22 horas, até que o Gate assumisse.

Lindemberg responde por 12 crime. Entre eles estão homicídio qualificado (motivo torpe e recurso que dificultou a defesa da vítima), tentativa de homicídio (contra Nayara e contra o sargento Atos Valeriano), cárcere privado (contra Eloá, contra os dois amigos e duas vezes contra Nayara, por ter retornado ao cativeiro) e por disparos de arma de fogo.

Lindemberg e Eloá namoraram por três anos e estavam separados havia um mês quando ocorreu o crime.

Plenário onde ocorre o julgamento de Lindemberg Alves Fernandes em Santo André, na Grande São Paulo

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