quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Funcionários do Hopi Hari avisaram sobre falha, diz advogado

Dois funcionários do Hopi Hari, onde uma adolescente morreu após cair de um brinquedo na semana passada, disseram nesta quarta-feira à polícia que avisaram o parque sobre um problema mecânico na trava do assento onde a jovem estava sentada. "Aquela cadeira deveria estar lacrada, porque já tinha apresentado defeito", afirmou Bichir Ale Junior, advogado de Vitor Igor de Oliveira, 24, e Marcos Antonio Leal, 18, operadores do brinquedo La Tour Eiffel. "Quinze minutos antes do acidente, eles disseram ao supervisor que a trava estava com problemas. Foi avisado e ignorado."
Funcionários fazem teste no brinquedo Torre Eiffel do parque de diversões Hopi Hari, em Vinhedo (SP) Na segunda-feira (27), uma perícia feita no local não constatou problemas mecânicos no brinquedo. O delegado Álvaro Santucci Noventa Júnior chegou a dizer que, até então, os indícios apontavam para falha humana. Ainda não está claro, no entanto, se a cadeira onde Gabriela Yuakay Nychymura, 14, estava sentada chegou a passar por perícia. Segundo o advogado da família da garota, Ademar Gomes, fotografias mostram Gabriela sentada em uma cadeira da extremidade do bloco que subiu --assento que não deveria ser utilizado por questão de segurança. O brinquedo é formado por cinco blocos com quatro cadeiras cada um. No bloco em que Gabriela estava, segundo o Hopi Hari, um dos assentos nunca foi utilizado, já que um visitante com braços e pernas longos poderia, eventualmente, passar perto da estrutura de metal que simula a Torre Eiffel. Gabriela morreu na manhã de sexta-feira após cair a cerca de 25 metros do chão. Testemunhas disseram que a trava do assento dela se abriu durante a queda. A mãe da vítima, Silmara Nychymura, também depôs à polícia na tarde de hoje. O pai da menina ainda será ouvido. Eles não quiseram falar com a imprensa. Funcionários da Polícia Civil levaram as supostas fotografias para o parque hoje à tarde, onde peritos iriam comparar as imagens com o equipamento. INTERDITADA Gabriela morreu por volta das 10h30 e foi enterrada no sábado (25), em Guarulhos (Grande SP). Ela foi encaminhada ao hospital com traumatismo craniano, mas chegou sem vida ao local. Gabriela vivia no Japão e estava passando as férias na casa de familiares em Guarulhos. Ela estava no parque com a mãe e o pai, que são brasileiros. Os advogados da família de Gabriela afirmam hoje que, no momento do acidente, a adolescente ocupava uma cadeira que deveria estar interditada. A família pretende entrar com ação de indenização por danos morais e materiais contra o parque, segundo o advogado Ademar Gomes. Ele disse que uma nova perícia será solicitada para que sejam apuradas as condições de uso da cadeira que Gabriela ocupou. "Houve falso testemunho de dois funcionários, e a cadeira vistoriada pela perícia não é a mesma em que Gabriela sentou", disse. No elevador, como é conhecido o brinquedo, cada visitante sobe cerca de 69,5 metros em uma cadeira com trava individual e despenca em simulação de queda livre, podendo chegar a 94 km/h. Dos cinco blocos com quatro cadeiras cada um, dois estavam em manutenção no dia do acidente. OUTRO LADO Procurado, o Hopi Hari não comentou as declarações dos operadores do brinquedo La Tour Eiffel. O parque não respondeu se algum supervisor foi avisado sobre problemas no brinquedo. Em nota divulgada hoje, o Hopi Hari disse que "reitera veementemente a cooperação absoluta com todos os órgãos responsáveis na apuração definitiva deste caso". Na sexta-feira, o parque disse lamentar "profundamente o ocorrido" e afirmou que presta toda a assistência à família da vítima e aos responsáveis pela investigação das causas do acidente. Segundo a assessoria de imprensa, o brinquedo La Tour Eiffel permanecerá fechado até que as causas do acidente sejam esclarecidas. O restante do parque segue aberto desde sábado. A reabertura, segundo o parque, ocorreu para atender "aos visitantes que, como em todos os finais de semana, se programam com antecedência para vir ao parque". A empresa afirmou que possui profissionais habilitados e com o devido reconhecimento do Crea (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia) para realização de um "extenso programa de manutenção, que faz parte de seu padrão de segurança".

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