segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Britânico é resgatado de Homs, mas francesa não consegue sair

O fotógrafo britânico Paul Conroy, ferido na semana passada em um ataque do Exército sírio na cidade de Homs, foi retirado nesta madrugada do país e cruzou a fronteira com o Líbano em segurança. A fotógrafa francesa Edith Bouvier, do jornal "Le Figaro", que ficou ferida no mesmo ataque, estava no comboio que retirou Conroy, mas não conseguiu deixar o país. Segundo ativistas da Alta Comissão para Assistência Síria (ACAS), grupo humanitário de oposição que organizou o resgate, a ambulância improvisada em que ela estava foi cercado pelas forças de Assad e teve que voltar para Homs quando já estava perto da fronteira com o Líbano. Após cruzar a fronteira de madrugada, Conroy, 47, foi levado a Beirute, onde recebeu assistência da embaixada britânica. Conroy e Bouvier foram feridos no mesmo bombardeio que matou a veterana jornalista de guerra americana Marie Colvin, do jornal "Sunday Times", e Rémi Ochlik, francês que fotografava para a revista "Paris Match". Na semana passada, opositores divulgaram um vídeo em que Bouvier, diz ter fraturado o fêmur no bombardeio e pede ajuda para sair de Homs e receber atendimento médico apropriado.
Jornalista francesa Edith Bouvier, durante internação em Homs, pede ajuda em vídeo publicado na semana passada A confirmação de que Conroy havia chegado ao Líbano em segurança foi motivo de grande comemoração na sede da ACAS, em Istambul, onde boas notícias tem sido raras. Wael al Khaldy, da ACAS, disse à Folha que os jornalistas se recusaram a aceitar as condições impostas pelo Crescente Vermelho sírio para a evacuação, e por isso uma operação clandestina foi planejada. Entre as condições estaria uma declaração de que os jornalistas que estão na Síria sem a autorização do regime foram mantidos reféns pelos rebeldes. O resgate foi feito com a ajuda de desertores do Exército Livre da Síria (ELS). "Temos um acordo com o ELS para a entrada de suprimentos e remédios e também para a retirada de feridos", disse Wael. "Nos últimos dias retiramos mais de 60 feridos graves de Homs". Segundo ele, o repórter espanhol Javier Espinosa, do jornal "El Mundo", também estava no carro com Edith Bouvier que teve que retornar. Sitiada há quase um mês pelas forças sírias, a cidade de Homs tornou-se o principal bastião rebelde e o maior foco da violência do regime sírio, com centenas de civis mortos, segundo ativistas. Os jornalistas foram atingidos em um centro de imprensa improvisado no bairro de Baba Amr, o mais castigado pela ofensiva do regime. Segundo relatos, 64 civis foram mortos anteontem ao tentar escapar do bairro sitiado. A ONU estima que pelo menos 5.400 civis morreram desde o início da revolta, há quase um ano. Segundo ativistas, o número já chega a quase 9 mil.

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