quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Após confusão, prefeitura vai assumir toda a segurança do Carnaval

O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), afirmou na manhã desta quarta-feira que vai incorporar no contrato com a Liga das Escolas de Samba a responsabilidade pela segurança na parte interna do desfile no Anhembi (zona norte). Até então, a responsabilidade da segurança na parte interna era da Liga. À prefeitura, cabia a manutenção da ordem e segurança no entorno do sambódromo. Kassab afirmou que a prefeitura já vai assumir totalmente a responsabilidade pela segurança no desfile das campeãs, na próxima sexta (24). A decisão foi tomada após a confusão que interrompeu a apuração das notas do Carnaval, na tarde de terça-feira (21), e fez com que as últimas notas a serem divulgadas fossem roubadas e rasgadas. Cinco pessoas foram presas após a confusão. O prefeito ressaltou que o problema não foi com a Liga, mas um incidente pontual. Neste ano, segundo Kassab, a prefeitura investiu R$ 23 milhões no Carnaval de São Paulo. Kassab não quis comentar sobre eventuais punições às escolas de samba que tiveram integrantes envolvidos na confusão de ontem. "Caso haja a vinculação da escola, haverá punição. Vamos aguardar a apuração final da polícia", disse. O prefeito disse que, caso fique provado que alguma escola teve envolvimento no tumulto de ontem, ela poderá ficar até dois anos sem receber verba da prefeitura. Além de incorporar a responsabilidade pela segurança do evento no contrato, a prefeitura também irá definir o local de apuração dos próximos carnavais. Segundo prefeito, isso também será incorporado no contrato. CONFUSÃO Uma confusão interrompeu a leitura das últimas notas das escolas de samba do Carnaval de São Paulo, no Anhembi (zona norte), na tarde desta terça-feira (21). Tudo começou quando um integrante de escola de samba invadiu a área onde as notas eram lidas, agrediu o locutor com um chute, pegou e rasgou os envelopes com as notas. A confusão se espalhou, e a apuração terminou em vandalismo.
Homem invade área onde notas eram lidas, pega e rasga documentos. Após o tumulto dentro do Anhembi, onde ocorria a apuração, torcedores invadiram parte da pista da marginal Tietê. Um carro alegórico foi queimado na dispersão do sambódromo, onde estavam as alegorias usadas nos desfiles. Policiais militares que estavam no local tentaram proteger os locutores e jurados, mas a confusão foi generalizada. Integrantes de outras escolas também invadiram a área. Depois, torcedores da Gaviões da Fiel invadiram a marginal Tietê, chutaram placas da cerca de proteção do pátio enquanto seguiam em direção à quadra da escola.
Carro alegórico é destruído por incêndio após tumulto no sambódromo de SP. TROCA A apuração já havia começado com clima tenso, após um atraso de mais de 20 minutos. Representantes de cada escola foram convocados para uma reunião à portas fechadas, que tratou de uma troca de jurados. Segundo a Liga Independente das Escolas de Samba, jurados dos quesitos samba-enredo e mestre-sala e porta-bandeira foram substituídos por suplentes na quinta-feira (16), um dia antes do início dos desfiles do Grupo Especial. Um dos jurados disse que não podia participar porque seria jurado no Rio, e o outro alegou motivos "emocionais". Segundo a Liga, a troca foi informada por e-mail. O presidente da Vai-Vai, Darly Silva, o Neguitão, reclamou da troca dos jurados e disse que isso deixou as escolas indignadas. "Nós não vamos aceitar isso. Estão roubando escolas, beneficiando essa daí [Mocidade], que só tira 10", disse. No momento da interrupção, a Mocidade Alegre liderava a apuração e era a única com notas 10 em todos os quesitos avaliados. Faltavam ser lidas as duas últimas notas do último quesito. Instantes antes da confusão, Neguitão começou a protestar contra a apuração, e integrantes da Camisa Verde e Branco se juntaram a ele, rompendo a barreira de segurança da área onde eram lidas as notas. Integrantes da Vai-Vai ameaçaram agredir fotógrafos que faziam imagens de Neguitão. O diretor-executivo da escola, Américo Calandriello Júnior, disse que Neguitão ficou revoltado, mas não incitou agressões. "Ele é uma pessoa muito tranquila, e comanda uma comunidade enorme em torno da escola. Ele jamais agrediria ninguém." Josélia Alves, da diretoria da Camisa, gritou pouco depois da interrupção: "Acabou o Carnaval de São Paulo. Não vai haver mais apuração. Não admitimos que as escolas sejam roubadas." Após ser divulgado o resultado do Carnaval, Alves disse que entraria na Justiça para anular a apuração.

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