quarta-feira, 7 de março de 2012

Operação contra milícia prende 15 no Rio; 9 são policiais

A Polícia Civil do Rio prendeu 15 pessoas, entre elas 9 policiais militares, durante operação realizada nesta quarta-feira para desarticular uma quadrilha de milicianos em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, dois meses depois de a quarta testemunha do caso ser assassinada. Além dos policiais, entre os presos há um ex-PM e um fuzileiro naval. Todos são suspeitos de fazer parte da milícia, que movimentava em média R$ 300 mil por mês. "A situação atual da segurança pública em Duque de Caxias beira o caos. São inúmeros informes recebidos sobre ocorrências ilícitas e a milícia é um dos que mais tem nos chamado a atenção, principalmente pela atitude mais violenta do que aquela formada na zona oeste", afirmou o promotor do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do Ministério Público Décio Alonso Gomes. Cerca de 200 policiais civis participam da operação. O trabalho é resultado do desdobramento das investigações da operação Capa Preta, desencadeada em dezembro de 2010. Na ocasião, alguns suspeitos foram presos, mas um ano depois ganharam liberdade. Em janeiro deste ano, a quarta testemunha do caso foi assassinada em Duque de Caxias. Alex José do Carmo estava em um Astra quando foi alvejado a tiros. Considerado peça fundamental na investigação contra a quadrilha armada, Carmo foi a quarta testemunha assassinada desde o início da operação. A vítima passou informações importantes à polícia sobre o modo de atuação dos criminosos nas áreas dominadas pela milícia na cidade. O Ministério Público afirma que tanto Alex como as outras testemunhas assassinadas não aceitaram entrar para o programa de proteção. A Folha tentou contato com familiares das vítimas, mas eles não foram localizados. Entre os integrantes da quadrilha com mandado de prisão decretado pela Justiça estão dez praças e um oficial da Polícia Militar, um comissário da Polícia Civil, um integrante do Exército, um fuzileiro naval e três ex-policiais militares. Além das prisões, a polícia tenta cumprir 58 mandados de busca e apreensão. De acordo com o delegado titular da Draco (Delegacia de Repressão às Ações do Crime Organizado), Alexandre Capote, a quadrilha atua desde 2007 em pelo menos 15 bairros de Duque de Caxias. Segundo o Ministério Público, há denúncias de que os milicianos estariam exercendo as mesmas atividades dos traficantes de drogas. "Não se enganem achando que milícia vai matar bandido. Hoje o que nós temos é uma formação criminosa tão ou mais perigosa que os traficantes. O único signo que regula a atividade é o lucro", disse Gomes. O grupo é acusado de homicídios, ocultação de cadáver, tortura, lesões corporais, extorsões, ameaças, constrangimentos e injúrias, além de cobrança de taxas de segurança, tráfico de armas, agiotagem, distribuição ilícita de sinal de TV a cabo, internet e jogos de azar, prestação de serviços de transportes piratas (vans e mototáxis) e a venda ilegal de botijões de gás. O corregedor da Polícia Militar, coronel Waldir Soares Filho, disse que apoia a operação e lamente que num universo de 15 presos, 9 sejam PMs. A Marinha não se posicionou sobre o fuzileiro naval preso. EX-VEREADORES PRESOS As investigações apontam que a quadrilha era comandada pelos ex-vereadores de Duque de Caxias Jonas Gonçalves da Silva, o Jonas é Nóis, e Sebastião Ferreira da Silva, o Chiquinho Grandão, além do soldado da PM Ângelo Sávio Lima de Castro, o Castro, e Éder Fábio Gonçalves da Silva, o Fabinho é Nóis, filho de Jonas. Os quatro foram presos na operação Capa Preta, em 2010. Eles foram transferidos em março do ano passado para o presídio federal de Campo Grande (Mato Grosso do Sul), após investigação confirmar que eles teriam encomendado a morte de testemunhas do caso do BEP (Batalhão Especial Prisional da Polícia Militar) e do presídio de Bangu 8, zona oeste.

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